domingo, 28 de junho de 2009

tchau, Amélia!


" Nunca vi fazer tanta exigência
Nem fazer o que você me faz
Você não sabe o que é consciência
Nem vê que eu sou um pobre rapaz
Você só pensa em luxo e riqueza
Tudo que você vê você quer
Ai, meu Deus, que saudade da Amélia
Aquilo sim é que era mulher. Às vezes passava fome ao meu lado
E achava bonito não ter o que comer
E quando me via contrariado
Dizia: Meu filho, que se há de fazer Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era mulher de verdade
Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era mulher de verdade "


Em 1.941 a tão famosa letra de Mário Lago intitula o mito da Amélia como "mulher de verdade" onde mostra a saudade de um homem por uma mulher submissa e conformada. Mas pra onde foi a Amélia que passava fome ao lado do pobre rapaz? Divórcio em 1.941? Não! ainda mais pra quem achava bonito não ter o que comer... Será que Amélia morreu de tristeza, sufocada com suas próprias vontades no dia em que se deu conta da vidinha conformada e sem graça que ela levava? talvez... mas acho mesmo que Amélia quando "acordou" se juntou às mulheres que iniciavam o movimento feminista daquela época e saiu mundo afora rejeitando os valores e conceitos machistas e dando palestra sobre como não ser uma "Amélia" .

sábado, 1 de novembro de 2008

aos 20 anos da minha imigração na Terra!

"Ah, as mulheres de vinte anos! Entre vinte e trinta. É o que há de melhor em mulheres no Brasil. E, antes de ser tachado de velho tarado, aviso: não estou falando do corpo, não. Mas da cabeça. É a cabeça menos preocupada em se tornar linda fisicamente. São lindas, simplesmente são. Desde a geração da minha bisavó (nascida no final do século 19) eu não vejo mulheres brasileiras tão autênticas. Tão elas. São elas, entre 20 e 30.
E eu acho que eu vou arriscar um palpite. Elas são filhas do que já houve de mais doido e revolucionário neste Brasil. São filhas de ex-hippies, ex-lideres políticos estudantis ou de outras minorias, filhas de pai que já fumaram (e a maioria tragou), filhas de quem viu o homem subir no espaço e dizer que a terra é azul e, especialmente, filhas de feministas quase ortodoxas. Enfim, filhas de uma geração que lutou para abrir portas.
Os seus pais, por serem iniciantes (além de muito jovens) em suas rebeldias, foram extremamente radicais. Me lembro de uma amiga feminista que não admitia que um homem segurasse no seu cotovelo para ajudar a atravessar a rua. Mas as mulheres de vinte não são feministas, são fêmeas. Ponto.
E as mulheres, que hoje têm entre 20 e trinta anos, souberam amenizar todo aquele nosso radicalismo. Parece simples, mas já nasceram com a sabedoria e a revolução que seus pais fizerem. Alguns, até morrendo.
Tudo isso além, é claro, daquela tatuagem que entra para dentro do biquíni, só pra gente ficar imaginando o que é aquilo e onde vai dar. Além, é claro, daquela orelha cheia de brilhantezinhos. Além, é claro, daquela certeza de quem sabe que é. Além, sobretudo, do tom que vai do cor-de-rosa ou jambo verde-amarelo.
Antes mesmo de começar a escrever sobre você, que tem entre 20 e 30, recebi um mail de uma de 22, jornalista e emancipada:
“Meu querido, mulher de 20 e poucos anos, não fica rindo quando fuma um baseado, não. Fica sim, louca para ficar, para experimentar todas as sensações que, por ter 20 e poucos anos, ela ainda não conhece. E não há nada mais excitante do que a curiosidade - principal qualidade da mulher de 20. E com 20 anos essa curiosidade vem livre de medos e receios, pronta para usar e aguçar.
Mas o melhor de tudo é que com vinte e poucos anos vc acredita que a vida é simples; que nós vivemos do que acreditamos; amamos tudo e todos, queremos dar e receber muito amor; conhecer gente, trocar energias, pegar um pouquinho de cada pessoa que passa pela nossa vida, desejar apenas fazer o bem, ser uma pessoa boa. Papinho bicho grilo este, né? Pode ser, mas tão mais saudável do que pensar na barriguinha que tá crescendo, no botox que é caro, no cabelo que precisa de escova, no medo de envelhecer e etc”....
Ah, as mulheres de vinte... Abreviam tudo!
A maioria delas já é mãe. São mulheres que convivem com filha, mãe e avó. Algumas até com bisavó. Apenas elas podem tirar proveito de viver um século inteiro sem sair de si mesmas. Aprendeu com a avó, com a mãe e agora se assusta com a própria filha. Que não a chama de senhora, onde já se viu? E a enfrenta na frente “das visitas”.
Demorou um século para surgirem as mulheres de vinte. E nos puseram nos nossos devidos lugares. Admiradores, fãs e, porque não dizer, pai de uma delas que me ensina, diariamente, que viver não é tão complicado assim. Basta ter vinte anos. Sempre. Mesmo tendo acabado de fazer 58! "
( Mario Prata)

um presente querido!

O mais terno olhar
o mais singelo jeito
de riso faceiro
filha do mar...
sereia do silêncio
dança na lua
e com as estrelas
sabe encantar...
Vanessa, Vanessa, clamam os céus!
vede os pobres mortais,
são tantos como os cílios
que aos teus pés
aflitos, sonham
onde te encontrar

domingo, 22 de junho de 2008

Encontro de Lampião e Raul Seixas... lá p'ras bandas do sertão!

escrito por Ronaldo Dória Dantas, cordelista de Aracaju

"Quero falar de um encontro
que aconteceu no sertão
de dois cabras bem valentes
tendo uma arma na mão
um usava sua pistola
o outro a sua viola
cada um com seu refrão

em uma noite de lua
ficaram a conversar
Lampião disse a Raul:
com você vou prosear
gosto de gente destemida
e também muito atrevida
valente como um jaguar

L: eu quando deixei o mundo
tava sendo procurado
porque de todo mal feito
eu logo era acusado
parecendo até que eu era
uma grande besta fera
ou então um cão danado

RS: quando eu estava na terra
passei foi grande sufoco
eu fui taxado de tudo
disseram que eu era louco
por que eu era diferente
olhava o povo de frente
e falava um pouco rouco

L: eu gostava de estudar
poderia ser doutor
porém, o que eu mais queria
era ser um bom montador
era muito corajoso
com um cavalo fogoso
eu mostrava meu valor

RS: quando a cabeça esquentava
eu deitava numa rede
tomava um aperitivo
e matava logo a sede
com a guitarra na mão
e cantando uma canção
feita na minha parede

L: ninguém nasce Lampião
Raul posso lhe dizer
todo mundo tem um sonho
feliz na terra viver
mas o mundo tem segredo
que até nos mete medo
mudando nosso querer

RS: neste mudo tem de tudo
amigo vou lhe mostrar
tem até paraquedista
lá brincando de voar
hora de metamorfose
de tomar aquela dose
tem hora do trem passar

L: Raul, todas suas músicas
eu trago no coração
você cantava de tudo
do rock até o baião
eu no sertão ressecado
gosto mesmo d'um xaxado
tirando poeira do chão

RS: você não estudou muito
mas mandou bem seu recado
comandou homens valentes
um povo bravo danado
e quando você falava
seu povo todo escutava
bem quieto, bem calado

L: eu não tive muito tempo
para poder aprender
fui um homem tão caçado
correndo pra não morrer
não me deixavam respirar
só querendo me matar
lutei pra sobreviver

RS: conheci sua história
fiquei bastante abismado
acusaram você d'um crime
sem você ter praticado
levaram-no a prisão
como se prende um ladrão
deixando-o indignado

L: mataram meu querido pai
como quem matam um cão
foi talvez dando um aviso
'os outros também se vão'
assim, mesmo sem querer
começou ali a nascer
o famoso Lampião

RS: através da minha música
tentei mandar meu recado
procurei todos os temas
queria ser escutado
o povo não me ouvia
assim, de tudo sorria
ali, morava o pecado..."

quem quiser ver a continuação desse e de outros cordéis, exposição na vila do forró, orla de Atalaia.

... e viva a literatura de cordel!
depois de quase dois meses de abandono ao blog... volto a postar!

quarta-feira, 30 de abril de 2008

eu me rendo ao caso Isabella...

juro que tentei não escrever aqui sobre o caso da menina Isabella, acho que a mídia já está fazendo isso mais do que o necessário, mas hoje, um mês depois da tragédia, compartilho aqui a minha indignação, primeiramente pensar que uma criança inocente e cheia de sonhos poderia ter sido assassinada por quem deveria ser seu maior protetor realmente pra mim foi difícil de acreditar, é também assustador ver a sociedade julgando quando ainda não tinha nem provas e tendo como objetivo ver os acusados presos a qualquer custo como se depois disso a violência infantil fosse acabar, sim, estamos falando de violência infantil, embora no meio dessa novela que a mídia criou tenhamos esquecido, isso é outra coisa que me enoja, a mídia, num momento em que poderia transformar essa tragédia em uma oportunidade para esclarecer a sociedade à respeito da violência infantil que vem crescendo no Brasil, o que nós vemos é uma imprensa massante e insensível, onde seu real propósito é vender notícia, sem pensar na pobre mãe que por dentro ainda sangra com a morte da sua única filhinha, essa mãe sim é uma verdadeira heroína, em nenhum momento fez acusações, resistiu às perguntas aliciosas dos repórteres e com muita dignidade sofreu talvez a maior perda da sua vida. Casos como o de Isabella nos faz refletir sobre a capacidade humana e nos faz lamentar não só pela crueldade envolvida na morte da menina mas também pelo ser humano que perdemos, criada por uma mãe tão digna e coerente, com certeza seria um grande ser humano.

segunda-feira, 28 de abril de 2008


"Borboletas são livres.Minha alma também.
Anseio liberdade, beleza e amor
De ir, vir e sentir.Paixão, ar, calor.
Preciso criar...
Voar.Sentir o vento nos cabelos.Mas os pés no chão.
Quero abraço.Mas quero espaço.
Mulher borboleta.Pequenina e voraz.
Tem um vôo que seduz.Uma beleza que satisfaz.
Possuidora de uma leveza que conduz.Sua fragilidade lhe faz, uma mulher que reluz!
Precisa de arte.Precisa que invada.
Que o coração dispare.Que a saudade mate.
Não a prenda.Traga flores para que venha.
Ela não é para qualquer um.
Ela é da natureza.Ela é dela.
Tranque-a e ela morre.
Sopre-a no vento...Que ela vai.
Mas espere.
Pois ela volta."
(Carolina Salcides)